Um amigo me procurou bastante preocupado,
tinha assumido a gerencia comercial de uma empresa e a pessoa responsável pela
administração financeira fora demitida.
O fato ocorreu por que ela não conseguia
coordenar as atividades. E pior, tinha perdido o controle das contas a receber,
não enviando sequer as duplicatas aos bancos para cobrança.
Com isso a empresa tem que tomar
dinheiro emprestado para fazer frente aos compromissos, tendo gastos financeiros
desnecessários.
Fora, claro, o constrangimento de
contatar os clientes para verificar se pagaram e solicitar os comprovantes para
que as baixas dos títulos pudessem ser efetuadas com segurança.
Uma situação delicada, mas isso
pode ser visto todos os dias em empresas que estão crescendo e em empresas que,
por alguma razão, se desorganizaram.
Enquanto pequena, a empresa permite
que profissionais com pouca qualificação atendam os requisitos operacionais. A ajuda
está sempre próxima, contudo quando cresce ou o processo se complica, falta a
esses profissionais discernimento e, muitas vezes, atitude, não só
conhecimento.
Uma tarefa simples para uma
pessoa com boa formação e treinada, se torna uma montanha de dificuldades para
pessoas sem qualificação. Este é um dos grandes exemplos da famosa frase: “O
barato sai caro.”
Quantas vezes fui procurado por
amigos e ex-funcionários que receberam atribuições para as quais não estavam preparados
em busca de socorro!
São poucas as empresas onde
desenvolvi trabalhos e não tive que orientar os gestores financeiros no
processo de preparação do fluxo de caixa para trinta dias, para agir de forma planejada
no destino dos recursos e tomada de empréstimos.
Não são poucas as empresas que no turbulento
processo de sobrevivência trocam seus gestores a cada seis meses. Muitas trocas
realmente precisam acontecer, pois sofre a empresa com a falta de qualificação
do profissional e sofre o contratado por não conseguir gerar os resultados
esperados.
Onde está o erro do processo?
Simplesmente na contratação. Na busca
do maior conforto, a posição foi preenchida sem análise criteriosa e, muitas
vezes, muitas sim, não poucas, a posição foi preenchida por um amigo do Rei ou
um indicado do amigo do Rei. Isso poucas vezes dá certo.
Quando a posição é política, não exigindo
um envolvimento operacional , quando a linha logo abaixo conta com pessoas
competentes e comprometidas , pode ser viável, contudo as chances de dar certo
e gerar resultados em gestões envolvendo produção, finanças, marketing são bem
pequenas.
À medida que a empresa cresce e
os aspectos administrativos se complicam, é fundamental adicionar competência,
entendendo que a responsabilidade por resultados não é só do contratado, mas
principalmente de quem contratou.
Os gestores precisam estar
sintonizados com tudo o que acontece na empresa. Conviver com atitudes
amadorísticas, onde, por vários meses, os índices de rejeição dos produtos
persistem e não se busca competências externas ou há descontrole financeiro,
sem que se perceba que os clientes estão deixando de pagar, é pura falta de
maturidade.
Nesses casos, o sinal vermelho já
acendeu há muito tempo, ocorre que não há envolvimento e atitude dos gestores para
solucionar o problema.
Em um almoço com gerentes do
mercado financeiro, um caso como esse foi colocado na mesa pelo representante
de uma das empresas, onde ele mencionava a troca de um profissional.
A questão foi resumida da
seguinte forma:
O gerente que saiu não tinha a
qualificação necessária, o que está chegando é um pouco melhor, mas também não
vai resolver, pois a empresa tem um processo de gestão bastante complexo. Passados
quatro meses, fiquei sabendo da nova troca.
Nos bastidores havia concordância
de vários profissionais, notava-se que o mercado já fazia a leitura das
dificuldades da empresa e da qualificação do profissional que fora escolhido: boa
formação, mas pouca experiência para tratar de assuntos complexos.
O mercado, nesses casos, fica
apreensivo em financiar a empresa e nota a falta de maturidade administrativa na
condução dos negócios, pois a questão continua a ser tratada por tentativa e
erro.
Pense no assunto...
Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
Articulista, Escritor, Palestrante
Postigo Consultoria Comunicação e Gestão
Fones (11) 4496 9660 / (11) 99645 4652
Twitter: @ivanpostigo
Skype: ivan.postigo