segunda-feira, 19 de março de 2018

Homens criativos e suas empresas criadoras


Homens criativos e suas empresas criadoras

Ao ser humano ideias não faltam, materializá-las é que é a questão.
A lista de dificuldades pode ser encabeçada pelo dinheiro e terminar com a individualidade.
Não é comum encontrarmos pessoas com capacidade criativa e competência criadora. Por essa razão a sabedoria em uma organização está em adicioná-las.
Os locais onde o magnetismo da realização se mostra presente costumam reunir essas forças.
O estudo das organizações nos mostrará que há nascedouros de ideias e nascedouro de produtos.

Algumas empresas, por não permitirem a germinação, são como árvores que lançam sementes ao vento. Vêem nascerem novos competidores, agressivos concorrentes ou exploradores de segmentos que não puderam perceber, com ideias ali geradas.
Por outro lado, há organizações que sem mostram como campos férteis, propícios para receber novas e variadas sementes. Chegam a vender parte de seus negócios e continuam criando outros.

De onde vem essa energia criadora, se o seu idealizador, muitas vezes, não tem uma história pessoal que o destaque, mas sim a sua organização?
Qual é o segredo desse poder catalisador?

Podemos considerá-lo como um talento pessoal e de grupo. Algo inato, mas também desenvolvido. Uma habilidade que deveríamos ter aprendido há muito tempo, quando iniciávamos nossos primeiros passos na aprendizagem.
Naqueles encontros em que um amigo ensinava uma mágica, outro um truque com a bola, outro como fazer sombras em um desenho, havia aquele que ensinava como imitar, como cantar, alguns acordes em um instrumento, informações que alguma forma poderiam compor um trabalho ou auxiliar na formação do perfil de um estudante.
Assim são as empresas que aprendem.

Por que não dizer o homem e sim a empresa?
Pela razão fundamental: resultado da aplicação. O produto não será resultado da ação de um, mas de muitos.  Como em um jogo de voleibol: Um recebe, outro levanta para que um terceiro corte.
Por que razão as empresas, todas, não são assim?
Por que no jogo do empreendedorismo as regras são livres. Cada um faz a sua e nem sempre são aceitas pelos próprios companheiros.
Modelos de gestão aceitos têm muito a ver com comportamentos. E estes têm seus capilares criativos e criadores, os quais costumam ter predominância.

Organizações com ambientes propícios à alta criatividade e baixa materialização enfrentam elevados turnover. Talentos chegam e partem com suas ideias.
Reunir os colaboradores para debates sobre criação e materialização é determinante para a criação do futuro.
Quem somos, onde estamos, para onde queremos ir, o que somos capazes de criar, qual nosso potencial materializador, que competências necessitamos adicionar, quais não podemos perder, são questões primordiais que determinam o rumo dos negócios.

Um olhar atento vai nos mostrar que no mercado os competidores são muitos, mas concorrentes em posições lucrativas poucos e todos prontos para inovação e renovação.

Não são momentos fortuitos que consolidam o modelo criativo- criador, mas a competência de desenvolvimento de relações.
É necessário aceitar e incentivar o homem a serviço do homem. Para criar, para materializar.
A fantasia tem que dar lugar à realidade na execução.
A riqueza da cultura criativa – criadora está na simbiose, se assim pudermos ou quisermos tratar.
Simbiose é a associação de dois ou mais seres de espécies diferentes, que lhes permite viver com vantagens recíprocas e os caracteriza como um só organismo. Neste caso a empresa inovadora.
Apenas a concretude sustenta e pode dar vida longa à fantasia por sua perenidade. E sem a fantasia a concretude não tem razão de existir.

Uma viagem pelas reflexões de Domenico de Masi sobre fantasia e concretude e a abordagem sobre grupos criativos e criatividade é recomendável.

Uma idéia sem materialização é só uma reflexão, sem consequências, e rapidamente estará sob domínio de outra organização.
Em um mundo competitivo, onde a vantagem está com aquele que é capaz de tornar as próprias ideias obsoletas, este conhecimento não pode ser novidade.
Não reconhecê-lo é atraso, desconhecê-lo a falência.
Por ser óbvio é invisível para muitos, como tudo que é óbvio.
O óbvio ao óbvio: Sucesso aos homens criativos e suas empresas criadoras!

Os que não forem juntem-se, organizem-se e aprendam!

Ou pereçam...

Ivan Postigo
Economista, Bacharel em contabilidade, pós-graduado em controladoria pela USP
Autor do livro: Por que não? Técnicas para estruturação de carreira na área de vendas
Postigo Consultoria de Gestão Empresarial
Fones (11) 4496 9660 / (11) 99645 4652
Twitter: @ivanpostigo
Skype: ivan.postigo

quarta-feira, 7 de março de 2018

Fácil perceber, difícil entender


As propagandas do primeiro produto que surge tratam da sua funcionalidade.

As demais, quando concorrentes aparecem, tratam de seus diferenciais.

O primeiro ferro elétrico, a primeira enceradeira, o primeiro liquidificador, o primeiro computador, e uma infinidade de produtos, quando surgiram, foram apresentados como novidades.  Divulgadas eram as vantagens de tê-los.

Chuveiro elétrico, já imaginou que maravilha!
Não ter que esquentar mais água para o banho, ou quem sabe tomá-lo frio mesmo?

Não precisamos ir tão longe. Que tal hoje, se não tivéssemos mais o celular e o micro-ondas?

Certamente sentiríamos uma falta enorme, mas estão ai e vieram para ficar!
A questão é: ficar até quando?
Quais criações os substituirão?

Enquanto funcionais, novas marcas, para esses mesmos produtos, serão lançadas, mas quais as chances de sucesso?

Difícil prever, uma vez que a questão industrial e empresarial sempre fala mais alto que os aspectos mercadológicos.

Nesse sentido, oportunidades devem ser exploradas, portanto se as pessoas estão comprando o lema é: Vamos lançar nossa marca!
O termo é bem apropriado: Marca.
Afinal é exatamente isso que acontece na mente do consumidor: A mensagem marca.
A mente marcada sempre buscará essa lembrança para um produto.
A lembrança o induz à escolha.

Todos os dias mensagens de produtos são apresentadas ao consumidor. Todas produzem marcas?
Sim, mas são colocadas numa escala de preferência!

Preferências pessoais e induzidas.
Pessoais porque o conjunto de informações conduz à decisão da escolha de uma determinada marca; induzidas porque a preferência é feita com apoio e indicação de pessoas e grupos.

Vamos a um exemplo:
Claudete está encantada com o sapato Y da marca Z. Caso vá às compras naquele momento, sozinha, possivelmente ira comprá-lo. Ocorre que convida duas amigas e ao mencionar o calçado ouve negativas e conselhos.
Claudete percebe que está indo contra a moda aceita pelo grupo e ela não quer se sentir deslocada.
Pronto, Claudete muda de opinião e certamente influenciará outras amigas.

Que tal analisar esta situação?
A empresa Y faz uma campanha divulgando um determinado produto e consegue de um grupo de cem pessoas a preferência de dez.
Podemos crer que a fidelidade desse pequeno grupo está garantida?
De forma nenhuma!

Quanto mais íntimas forem essas pessoas, maior será a pressão para que os dez aceitem as preferências e recomendações dos noventa que não mudaram suas opiniões.

A propaganda boca a boca é um poderoso agente influenciador.

Basta prestar atenção nos vestuários que entram na moda. Num primeiro momento, muitas pessoas juram que não irão usar, contudo na semana seguinte já os ostentam com orgulho.

Numa determinada época, os jovens não aceitavam carros de quatro portas de forma nenhuma, pois era coisa de velho, de gente quadrada, boko moko. Hoje não se fala mais no assunto.

Terno e gravata passaram períodos de extrema aceitação, depois rejeição, agora a juventude abraça com orgulho e importância.

Todos esses aspectos são marcas nas nossas mentes, que nos fazem aceitar ou rejeitar situações e produtos.

Hoje em dia não são apenas as mentes dos homens que vêm sendo marcadas por preferências, mas os próprios corpos.

Como uma pessoa pode fazer uma marca definitiva, quando o conceito pode não sê-lo?

Esse é o grande enigma que tentam desvendar os homens de marketing, afinal é fácil perceber, difícil é entender!

Ivan Postigo
Economista, Bacharel em contabilidade, pós-graduado em controladoria pela USP
Autor do livro: Por que não? Técnicas para estruturação de carreira na área de vendas
Postigo Consultoria de Gestão Empresarial
Fones (11) 4496 9660 / (11) 99645 4652
Twitter: @ivanpostigo
Skype: ivan.postigo


sexta-feira, 2 de março de 2018

O que têm precedência: o lucro ou o poder?


Li há muito tempo uma frase afixada em uma empresa que dizia: ”Aqui fazemos bons navios, com lucro se possível, mas sempre bons navios”.

Essa frase nos remete ao velho debate sobre a razoabilidade do lucro, assunto que já debati em alguns artigos, contudo há outro tema pouco abordado nas empresas que é quem tem a precedência: o lucro ou poder?

O objetivo único das empresas é o lucro. Ninguém arriscará seu patrimônio se não tiver vantagens. Em tese.

Esse é o fator que mantém viva uma empresa, portanto coloca de lado qualquer abordagem romântica sobre o assunto. Prática.

Há, portanto, uma questão que precisa ser resolvida em muitas empresas, principalmente familiares: O que precede o quê, o lucro ou o poder?

Semanas após semanas, anos após anos, vejo que a precedência do poder tem levado muitas empresas à bancarrota.

Para muitos gestores, determinadas ações ou planos só podem ser implementados se lhes forem atribuídos os louros ou se forem idéias suas. Fora isso barreiras enormes são criadas, impedindo que as empresas se modernizem administrativamente, pagando os colaboradores mais criativos caros pedágios para a permanência nessas organizações.

Dedicação ao trabalho para superar dificuldades técnicas desgasta menos que trabalho duro para superar a tolice e a estupidez!

O tributo da vida à tolice e a estupidez no meio empresarial é o inferno da falência, muitas vezes precedida da viagem ao purgatório da concordata.

Por que profissionais experientes, sabendo que a empresa sem lucro pode naufragar, muitas vezes barram planos que a colocaria numa situação mais confortável financeira ou administrativa?

Por que estes profissionais arriscam o futuro das empresas e até seus cargos, mantendo-se inflexíveis frente a situações com as quais não querem concordar, indo contra evidências?

Por uma série de razões, mas principalmente, como dizia um velho amigo, pela síndrome de He-man.

Quem não ouviu a falar do famoso personagem dos desenhos animados que dizia: “Eu tenho a força?”

Em nome do poder, a humanidade tem sofrido e as empresas como células menores, por conseqüência, também.

Desastrosa, mas educativa, é a história do império romano que serve como parâmetro para exemplificar o sucesso e o fracasso.

Não foi o modelo de gestão Romana que levou todo um império ao fracasso, mas o modelo de gestor.

A gestão pela força demanda que se faça duas covas: uma para o gestor e outra para o objeto de sua gestão.

A gestão pela força não precisa se caracterizar pela “gritaria e pancadaria”, pode se caracterizar pela frieza, pelo silêncio, pela ignorância e pelo desprezo.

Há forma melhor para desmotivar um profissional que o desprezo pelas suas idéias?

O combate a uma idéia é a melhor forma de colocá-la em evidência, portanto a gestão pela força, a que combate com o desinteresse e com o desprezo, costuma mais ser mais difícil de ser rechaçada.

Dito desta forma, parece que estou defendendo a construção da cartilha do mal, contudo são aspectos que todo profissional um dia vivenciou , em maior ou menor grau.

Alguém é capaz de negar que o momento político pelo qual passa nosso país tem muitos aspectos ligados à síndrome de He-man?

Qualquer pessoa envolvida nos escândalos não teria sido capaz de imaginar que um dia as falcatruas viriam à tona?

Certamente que sim, mas a ganância, o desejo do poder as impediram de agir forma sensata.

“O poder sou eu” dá a dimensão de um estado, de uma situação passageira. Pessoas com essa síndrome colocam-se na posição de “Eu sou o Poder”, como algo definitivo.

Perdemos todos quando o poder supera a razão.

Neste momento estamos mais carentes de razão e sensibilidade do que de ordem e progresso.


Ivan Postigo
Economista, Bacharel em contabilidade, pós-graduado em controladoria pela USP
Autor do livro: Por que não? Técnicas para estruturação de carreira na área de vendas
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quinta-feira, 1 de março de 2018

Identificação de problemas e geração de conflitos


Muitas empresas no momento em que a economia mostra sinais positivos começam a se defrontar com os problemas de gargalos na produção. Os gargalos podem acontecer em um determinado ponto da linha de produção, como podem surgir em vários locais do processo produtivo, em momentos diversos durante o mês.

Uma encomenda significativa de um produto específico feita pelos clientes, o lançamento de novos produtos, mudanças de processo de produção, a subestimação do tempo de produção de itens relativamente novos podem fazer com que uma dificuldade, até então não observada, apareça.

Muitas vezes um gargalo é observado, mas as razões do estrangulamento da linha de produção não são facilmente percebidos,  levando a cobranças e debates acalorados.

Nossas empresas,normalmente, têm vocação para programação, mas não para planejamento da fábrica. Os gargalos em geral são observados quando os pedidos estão dentro de casa e não em função do planejamento de vendas, com isso os responsáveis pelas áreas fabris acabam não tendo condições de se antecipar aos problemas e encaminhar soluções preventivas.

O fato de observarmos e identificarmos um problema não quer necessariamente dizer que uma solução será providenciada.

Gargalos de produção costumam aparecer deixando também pistas falsas dos problemas, como movimentações tardias, falta de  melhor programação, quebras de máquinas, falhas nas identificações de operações , envolvendo sempre mais de uma área e gerando conflitos ao invés de debates.

Um problema se observado, identificado, reconhecido, encaminhado para solução, com tarefas delegadas e pessoas investidas de autoridade, normalmente é solucionado, contudo há um aspecto inerente ao comportamento humano que dificulta o encaminhamento da solução: a negação.

Todos nós somos avaliados constantemente e somos refratários a críticas, com isso, o debate, muitas vezes, acaba gerando conflitos e perpetuando o problema.

O conflito pode se acirrar levando a empresa a perder bons talentos, o conflito pode se perpetuar gerando perdas contínuas em outros processos ou pode haver a desistência de solução por parte dos envolvidos.

Quaisquer que sejam os caminhos, observados esses fatores, quem perde é a organização.

Para o  correto encaminhamento de um problema para solução é necessário que este, ao ser observado e identificado, seja reconhecido. A negação imediatamente determina o fracasso da solução.

A negação não precisa ser explícita e muitas vezes não o é, a contra-argumentação defensiva é muitas vezes mais danosa do que um conflito administrável.

Investir na inteligência da organização torna-a ativa e não apenas reativa, essa é a tônica das empresas do futuro.


Ivan Postigo
Economista, Bacharel em contabilidade, pós-graduado em controladoria pela USP
Autor do livro: Por que não? Técnicas para estruturação de carreira na área de vendas
Postigo Consultoria de Gestão Empresarial
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