Meu filho costuma dizer: “Preciso de exemplos para aprender.
Valorizo a teoria, mas considero fundamental analisar os resultados da sua aplicação”.
A experiência nos mostra, principalmente em gestão, onde a
ação do homem depende da sua personalidade, que uma mesma técnica pode gerar
resultados radicalmente diferentes quando aplicada em vários locais.
Engana-se quem pensa que um plano de ação pode ser conduzido
na mesma empresa, duas vezes, logicamente em épocas diferentes, e obter
resultados iguais. Pode ocorrer? Sim,
mas é pouco provável.
Por essa razão, liderança, capacidade de comando,
competência gerencial são fatores que precisam de cuidados nas nossas
organizações. Estamos atentos a isso, apesar de toda falação sobre o assunto?
Definitivamente não!
O filho de um amigo, descendente de italianos, ainda
pequeno, quando vê os parentes nos debates acalorados sobre os negócios diz: -
Chega de “discutição”. É verdade, reduzamos a falação e a discutição e tratemos
essa questão com muita seriedade.
Solução de problemas tem muita a ver com experiência. Isso é
diferente de invenção e inovação.
Já desenvolvi muitos projetos com grupos de trabalho, nesses
momentos o facilitador precisa ter vivência para poder conduzir pessoas e
idéias. Às vezes, afastar por um tempo uma pessoa criativa ajuda a acalmar as
mentes e disciplinar o raciocínio.
A criação pode vir do caos, a execução não!
Quando tenho um nó complicado para desatar, dou uma espiada
nas minhas anotações de projetos anteriores.
Na esperança de encontrar ali a solução? Não. Isso permite
ver a questão sob diversos ângulos. Bolas de futebol não têm nada a ver com
tampas plásticas, mas o raciocínio, a forma de condução do trabalho, pode ter. Essas
tratativas chamamos de “cases”, certo?
Um deles trata da situação de uma organização com mais de
cinqüenta anos de existência que perdeu significativamente espaço no mercado,
apesar da lembrança da marca. Não inovou nos produtos, embora não faltassem
informações e estava com a fábrica sob precários controles.
Antes de iniciar qualquer ação, é importante entender porque
chegaram a tal ponto. Equipes desistentes e resistentes podem colocar por terra
as melhores intenções.
Enquanto debatíamos, um dos sócios disse: A questão pode ser
facilmente resumida. Perdemos mercado e o controle da empresa porque não fomos
nem estratégicos, nem operacionais, apenas presunçosos. Perdemos pessoas
importantes, que nos ajudaram a construir esta organização. Com elas se foi
parte da nossa competência.
Nunca me esqueci dessa frase. Certo dia, lendo O Relatório
Popcorn, livro escrito por Faith Popcorn, no Apêndice, onde há uma série de
entrevistas com gestores, tratando do futuro, encontrei uma pequena história
que registrei com esse case e vale à pena resgatar.
Esse pequeno texto, escrito por Peter N. Rogers, Presidente
e Diretor-Executivo da E. J, Brach Corp., merece nossa atenção:
Onde está Harry?
“Há algo acontecendo que chamo de perda da sabedoria
acumulada. As empresas americanas estão muito ocupadas, atualmente, cortando os
funcionários mais antigos com vinte ou trinta anos de serviço. Mas, o que
acontecerá quando pararem de rearrumar o pessoal e voltarem à administração dos
negócios?
O diálogo será mais ou menos o seguinte: - Como fazíamos
isso? Não sei; Harry sempre cuidava disso quando era o gerente de controle de
estoque. Ele foi dispensado no início do programa de aposentadoria.
Essas coisas afetam o caráter de um determinado negócio. A
sabedoria que se perde agora eventualmente prejudicará nossa empresa.”
Harry não trabalhou na organização do meu “case”, mas por lá
passaram outras pessoas importantes, sem deixar sucessores. Não preparam back
up, de acordo com a nova terminologia.
Há uma pergunta inevitável: Como uma empresa com cinquenta
anos atuação não preparou sucessores para posições importantes na organização?
Diz o sócio: Presunção!
Se aceitarmos a afirmação de que pessoas não deixam
empresas, mas deixam pessoas, presunção é um bom tema não?
Ivan Postigo
Economista, Bacharel em contabilidade, pós-graduado em
controladoria pela USP
Autor do livro: Por que não? Técnicas para estruturação de
carreira na área de vendas
Postigo Consultoria de Gestão Empresarial
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