segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

A tecnologia como fator alienante: um novo homem, a velha cisma?


Quantos avanços, quantas dúvidas?

Albert Einstein tinha a língua afiada. Sua primeira esposa Mileva Marić registra esse fato em uma carta.
Ainda assim, não podemos afirmar que esta frase “eu temo o dia em que a tecnologia ultrapasse nossa interação humana, e o mundo terá uma geração de idiotas”, tenha sido dita por ele, considerada a contundência. Contudo, a afirmação ganha novos adeptos mundo afora.

Quando, para nós estudantes, nos colégios técnicos a régua de cálculos foi substituída pela calculadora científica, como suporte às operações trigonométricas, os ganhos foram imensos. A velocidade das soluções foi substancial.

O mesmo aconteceu com os cálculos financeiros, quando as novas máquinas permitiram que as tabelas financeiras não fossem mais necessárias.

Nesse momento, resurgia a preocupação com a alienação. Não com a mesma intensidade com que se trata o assunto hoje.
 Pensemos, aqui, alienação como “direção da vontade das massas, criando necessidades de consumo artificiais, desviando o interesse das pessoas para atividades passivas e não participativas”.

Em dado momento, profissionais sem as máquinas não eram capazes de realizar os cálculos, pois não tinham habilidade e domínio para dedução das fórmulas, e sequer lembravam como estas eram formadas. O que dizer, então, de seu tratamento?

Por outro lado, o tempo para novos aprendizados se mostrava disponível.

Seria uma regra: conheço mais, domino menos? Um direcionamento para a generalização, rompendo as correntes da especialização?

Nas empresas ganhavam força e transparência as planilhas eletrônicas para trabalhos de planejamento. Antes destas, por exemplo, equipes de cinco pessoas levavam até dois meses para criar alguns cenários.
Cálculos realizados em folha de treze colunas demandavam somas cruzadas para certificação dos valores. Isso consumia tempo para confecção, e as análises acabavam superficiais.
Com o aparecimento desse novo recurso, o ganho foi assustador. Em uma semana já era possível realizar o mesmo trabalho com uma ou duas pessoas.  E simular novos cenários, praticamente, se tornou ato imediato!
A possibilidade de criação de índices e formas cruzadas de análise também ganhou enorme impulso.

Onde estariam as perdas nesse processo tão interessante?

No imediatismo que levou ao distanciamento do principal objetivo do planejamento. A moda era criar planilhas, aprender recursos para criação de formas e fórmulas, levando gestores, seus assessores e analistas a um mundo novo e empolgante: a febre da microinformática.

A empolgação da criação induzia à preparação de trabalhos que não tinham nenhum objetivo concreto ou finalidade específica, apenas carregava a habilidade de aprender e usar os novos recursos que a tecnologia fornecia.

Um amigo, nessa época, dizia, fazendo um paralelo com a situação: beba para se alegrar, não para cair!

Vemos, hoje, que os todos os aparelhos que permitem conexão com a internet- recurso fabuloso- tem poder de integração, mas também espalha o vírus da alienação.

Lévi-Strauss, 1908-2009, antropólogo, professor e filosofo, não tinha uma visão muito otimista do mundo, pois o via muito saturado com imagens, palavras, indivíduos e tecnologia.

A antropóloga Françoise Héritier, segue a mesma linha de defesa, e considera que a comunicação imediata e sobre o nada se tornou ela mesma um prazer. Assim, o fato de dividirmos tudo, com todos, o tempo todo, é no entender de parte da sociedade, o motivo de grande prazer.
Inegavelmente, isso consome o tempo que poderia ser dedicado ao pensamento, reflexão e muitas outras atividades.

Novidade? Não!

Em 1844, Karl Max apresentou em um livro uma teoria sobre alienação, no qual tratava o distanciamento entre o homem e a sociedade.

Em 1964, Herbert Marcuse, também em livro, considera a questão e a trata como “mecânica do conformismo”.

Sabe-se que a industrialização, em seu nascedouro, já havia chamado a atenção dos sábios, que advertiam sobre a alienação que acompanha a vida moderna.

Estamos nos alienando cada vez mais ou o novo homem continua com a velha cisma?


Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
Articulista, Escritor, Palestrante
Postigo Consultoria Comunicação e Gestão
Fones (11) 4496 9660 / (11) 99645 4652
Twitter: @ivanpostigo
Skype: ivan.postigo


segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Manda quem pode, questiona quem tem juízo

Fala-se muito em plano de carreira, mas grande parte das carreiras não está nos planos de ninguém, a não ser do interessado.

É importante contabilizar, avaliar, conversar e negociar os pontos de parada e partida nesse caminho tão difícil chamado carreira.

Para alcançar o estágio pretendido pelas empresas, com bacharelado e pós-graduação, você investirá praticamente duas décadas nos bancos escolares, considerando domínio da informática e pelo menos uma língua estrangeira.

Isso é o que esperam e exigem, e você, exige o que em troca?

Há um ditado que diz que quem não está trabalhando para o próprio enriquecimento, está trabalhando pelo enriquecimento de outra pessoa.

Nem todos nasceram dispostos a correr riscos como empreendedores. Alguns não o fazem por falta de vocação, outros de recursos e há aqueles que não encontram oportunidade.

Trabalhar para enriquecer os outros não é o maior pecado, empobrecer junto sim.

Já imaginou passar décadas em uma empresa, vê-la falir e sair pior do que entrou?

A carreira é o material com que o caminho do seu futuro será asfaltado. Esse é o caminho que você terá que trilhar.

Algumas pessoas o seguirão, outras não. Algumas você levará pelas mãos, outras no colo, e se não estiver alerta, quando se der conta, terá gente nas suas costas.

Pelo seu futuro você é responsável, ainda que possa contar com ajuda. Ajuda que poderá pedir, aceitar ou recusar.

Nesse trajeto, pessoas se juntarão a você, mas também o deixarão.

Haverá partidas com dor e outras que achará uma benção.

Os seus caminhos coincidirão e também poderão cruzar com os de outras pessoas, às quais se juntará e também abandonará.

Para algumas pessoas, sua partida deixará uma certa sensação de tristeza, para outras , ao contrário, será de alívio!

Por ser mau? Não, simplesmente porque não o vêem bom.

Nosso caminhar recolhe as pedras da antipatia, que machucam os pés, mas também nos permite trocar os calçados da simpatia e empatia.

E assim, diziam os índios americanos: “Jamais julguem um homem, sem andar algumas luas com seus mocassins!”

Quando decidir trilhar um caminho, certifique-se da sua importância no trajeto e a disposição de reconhecimento que lhe será estendida.

Todas as estradas apontam em direção ao arco-íris, mas muitos potes, pela ganância, pesam mais do que o ouro a ser recolhido. Sua parte será sempre uma fração, e o esforço da travessia pode ser só seu.

O tamanho do pote não é importante, quando se é o último a chegar.

Quando do pote fores o dono e tiveres o mapa para a entrada no arco-íris, assegure-se de ser justo na divisão dos ganhos. A caminhada para a saída pode ser longa, e, lembre-se, que o peso da carga agora é maior!

Em algum momento na vida, felizes ou infelizes, cansados ou não, de nada valerão os potes e o ouro.

Potes cheios, nos poços da riqueza, de nada servem ao homem abandonado e sem forças para carregá-lo.

Diziam meus avós, velhos espanhóis, sempre a todos os netos: - Pelas maldades do homem, se o arco-íris deixar de aparecer por sete anos, o céu desabará sobre nossas cabeças.

Ao avaro, nas sete cores, sete castigos: a maldição do arco-íris.

Solidão
Desprezo
Angústia
Agonia
Vergonha
Melancolia
Medo

Em todas as estradas manda quem pode, nesta, contudo, questiona quem tem juízo.

Lembre-se que você é o caminhante!

Ivan Postigo
Economista, Bacharel em contabilidade, pós-graduado em controladoria pela USP
Autor do livro: Por que não? Técnicas para estruturação de carreira na área de vendas
Postigo Consultoria de Gestão Empresarial
Fones (11) 4496 9660 / (11) 99645 4652
Twitter: @ivanpostigo
Skype: ivan.postigo