Em casa, no trabalho, nas ruas, ouvimos sempre pessoas
dizendo que gostam do silêncio e outras que não o suportam. Vamos tratar o
silêncio como ausência de ruídos.
Quem tem filhos pequenos tem uma visão clara do que é isso, não?
Juntos riem, brincam, gritam, brigam, nos enlouquecem, mas
passe um dia sem eles. Que falta fazem
aqueles pequenos furacões!
O silêncio é precioso, mas quando o temos como nosso aliado.
Você já pensou como ele é valioso para uma boa conversa?
Permite que você ouça os interlocutores, possa refletir, sem
que ruídos atrapalhem o perfeito entendimento.
Música! Você gosta de música? Profissionalmente ou de forma
amadora toca algum instrumento?
Dá para imaginar como o silêncio o ajuda no entendimento das
peças, das notas, dos efeitos sonoros?
Para o estudo, reflexão, que companheiro fantástico!
Tenho muitos amigos que só estudam e trabalham ouvindo música
e dizem:- Assim me sinto menos só!
Bom, o estudo e o trabalho já são excelentes companhias, mas
nesses casos podemos considerar que a música cria o silêncio necessário de
forma que os ruídos das máquinas, da rua, das pessoas, do cachorro do vizinho não
lhes roubem a atenção.
Há algum tempo implantei um sistema em uma empresa que havia
liberado o uso de rádios.
Havia três, um na contabilidade, outra na tesouraria e um
com a equipe de custos.
Cada grupo gostava de um tipo de música, e os deixavam como
som muito alto para superar o ruído que vinha do setor ao lado.
Para resolver essa questão, as pessoas foram reunidas, como
não houve entendimento, eles mesmos decidiram aposentar os rádios. Estava
criado um novo momento de silêncio.
Durante um tempo morei em frente a uma academia de ginástica.
O casal, vizinho, era justamente o dono do negócio.
Para meu desespero, a mesma música bate-estaca que tocava na
academia também tocava no apartamento, o dia todo. Quantas vezes não me peguei
digitando no ritmo da música!
Para mim, aquilo era um incomodo, para eles retirava os
ruídos e os colocava em estado de conforto, pois como diziam se sentiam menos
sós.
Depois de um dia e trabalho intenso é muito bom chegar em
casa, dar uma relaxada, ficar alguns momentos sozinho, quem sabe até ouvir uma
boa música, tomando uma cervejinha!
Não, isso não é para todo mundo. Tem gente que gosta de
chegar e contar o dia.
Minha irmã, quando morávamos todos juntos, tinha essa
rotina!
Todos os dias repassava com minha mãe os eventos da semana.
Eu já conhecia as histórias e dizia:- A mãe já sabe de tudo
isso, você já contou várias vezes, até eu já as conheço de cor.
Ela imediatamente retrucava: - A mãe gosta de ouvir. E
seguia repetindo a mesma história, com uma incrível precisão.
Nesses encontros elas criavam seus momentos de silêncio.
Eu, garoto, muitas vezes ficava “antenado” na conversa para
ver se haveria algum detalhe diferente, para que, de alguma forma, pudesse provocar
minha irmã. Nunca tive essa chance.
Quando a encontro sempre comento: - Que precisão você tinha nas
suas histórias, heim? Ela só ri...
Hoje, já não moram mais juntas, minha irmã tem sua família,
mas não deixa de telefonar para nossa mãe, todos os dias, para que possam ter
seus momentos de silêncio.
Nossa paciente mãe já não tem a mesma capacidade auditiva,
então as histórias têm que ser contadas algumas oitavas mais altas e com alguma
repetição, sem que isso as atrapalhe.
Esse é um aspecto interessante, você já notou que muitas
vezes há um grupo conversando animadamente, de repente alguém grita: - Dá para
vocês falarem mais baixo, eu não consigo ouvir o que estão me dizendo aqui?
A turma, já tendo atingido o estado de silencio, continua a conversar
e rir, sem sequer se dar conta do pedido que lhes foi feito.
Nessa balburdia é possível encontrar pessoas entretidas com
alguma leitura.
Meu amigo Fernando, já não o encontro há muito tempo, tem
essa capacidade. Uma vez que se concentre, só um chacoalhão o tira desse
estágio.
Meu melhor momento de silêncio é escrevendo, não chego a ter
a concentração do Fernando, mas poucas coisas me incomodam quando estou desenvolvendo
alguma idéia.
Outra forma de criar momentos de silêncio, quando considero
necessário, é nas estradas, ao volante!
Dirigir nos caminhos da Serra da Mantiqueira sempre me leva
a um ponto excepcional de relaxamento, reflexão.
Caminhar na praia é interessante, em pouco tempo os sons das
ondas integram nosso silêncio.
Como as pessoas têm percepções diferentes, só a sabedoria
vai nos permitir entender e respeitar o silêncio de cada um de nós, criando
ambientes agradáveis e produtivos.
Ivan Postigo
Economista, Bacharel em contabilidade, pós-graduado em
controladoria pela USP
Autor do livro: Por que não? Técnicas para estruturação de
carreira na área de vendas
Postigo Consultoria de Gestão Empresarial
Fones (11) 4496 9660 / (11) 99645 4652
Twitter: @ivanpostigo
Skype: ivan.postigo
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