Uma tarde, estávamos em reunião debatendo os planos para o
ano que se aproximava. Foi apresentada uma reflexão que o grupo julgava poderia
ser caminho a ser seguido e os resultados que seriam gerados.
Todos ouviram com atenção e um dos sócios disse: “Interessante,
obtendo sucesso vocês ficarão ricos!”
Imediatamente seu sócio saltou na cadeira e exclamou: “Eles
não, eu”, como se naquele momento não tivesse participação nos resultados.
Foi difícil trazer o pessoal de volta ao debate, mesmo assim
logo encerramos a reunião.
Ficava claro que aquela expressão dizia: “minha visão e meus
resultados e sua visão, mas meus resultados”.
Como gestores, temos que ter em mente que a minha visão não
é importante para você, “a única visão capaz de motivá-lo é a sua visão”, como
diz Peter Senge.
Visão compartilhada é fundamental para a se obtenha o
comprometimento com a criação do futuro, caso contrário haverá apenas a
aceitação.
Imagine estas situações no estabelecimento da declaração de
visão: uma ou duas pessoas a redigem, ou, apesar de ser resultado de reunião de
grupo, prevalece a posição dessas pessoas.
Os outros colegas reunidos não terão o menor sentimento de
propriedade da visão, considerarão apenas que cumpriram a tarefa.
A declaração redigida pode seguir alguns caminhos: ser
emoldurada num quadro de vidro e afixada nas paredes, poucos saberão dizer
exatamente o que está escrito naquele documento. Pode ficar na gaveta da
secretária ou em outro lugar, e quando solicitada se torna um trabalho
arqueológico encontrá-la.
Já me deparei com casos onde a declaração de visão foi
revisada e ninguém na empresa era capaz de dizer qual versão estava valendo, “não
fora datada”. A princípio, a sugestão de colocar uma data resolvia tudo.
Qual a importância que essa declaração tinha para as pessoas
que lá trabalhavam?
Com o que deveriam se comprometer?
Isso não demonstra que não estavam comprometidos com a
empresa. Não estavam comprometidos com
aquela declaração.
Poderia a declaração estar em consonância com as atitudes na
construção do futuro da organização? Dificilmente, estava claro que as palavras
ali colocadas, para eles não faziam sentido.
Não tinham se importado de fato com a coletividade no
momento da preparação; foi guardada de forma displicente; não estava afixada; não
era objeto de constante observação e reflexão; os colaboradores não se sentiam proprietários
daquela declaração.
Visão compartilhada leva ao comprometimento, ao
compartilhamento de futuros alternativos e a identificação de modelos mentais,
o que facilita significativamente a observação de mudanças no mundo empresarial
e a geração de respostas mais rápidas, eficazes e eficientes.
A falta de comprometimento, liberdade para argumentação e
indagação, impede que em reuniões os problemas sejam levantados e expostos como
são feitos fora destas.
Quando a meta é vencer um debate, prevalece a argumentação.
A indagação deixa ser um recurso válido. Cada componente não se importa em saber
o que o outro pensa, uma vez que isto pode levá-lo a exposição de seus pontos
fracos. Ambientes altamente políticos não são abertos a indagações.
Comportamentos defensivos levam as pessoas a se fecharem e
inibem a motivação e a criatividade.
Grupos buscam uma visão compartilhada, com um só desejo: participar
de algo grande e importante.
A visão para a empresa não é importante pelo que declara,
mas pelo que realiza e pode fazer pelo futuro desta.
Ivan Postigo
Economista, Bacharel em contabilidade, pós-graduado em
controladoria pela USP
Autor do livro: Por que não? Técnicas para estruturação de
carreira na área de vendas
Postigo Consultoria de Gestão Empresarial
Fones (11) 4496 9660 / (11) 99645 4652
Twitter: @ivanpostigo
Skype: ivan.postigo
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