É impossível falar do futuro da empresa sem tratar da
empresa do futuro.
O que somos e o que teremos que ser para nos mantermos
competitivos são questões fundamentais para a continuidade dos negócios.
Um plano para cinco anos não é somente estratégico, mas a
linha divisória entre estar ou não no mercado em curto espaço de tempo. Hoje,
já não é mais possível dirigir a empresa apenas olhando pelo retrovisor.
Ano após ano, grande parte das universidades pouco evolui,
repetindo ensinamentos básicos, sem que provoquem mudanças significativas no
mercado. Por essa razão, teses e monografias amarelam nas prateleiras sem que
alcancem o público.
As empresas, na sua maioria, são uma repetição das
necessidades mínimas de sobrevivência. Os
movimentos mais intensos são observados na área de tecnologia de ponta, onde o
mercado joga uma pá de cal sobre as empresas defasadas.
Falar sobre evolução, futuro, atrai, destaca pessoas, mas há
uma brutal diferença entre discursar sobre evolução e trabalhar por ela.
Não é fácil nem barato ser uma empresa de vanguarda, nem
desenvolver marcas Premium. Em muitas situações, seguir e copiar modelos é que
mantém o negócio ativo, contudo há muitas “administrações sofridas”. Sobrevivem
levadas pelos bons ventos do mercado.
A tecnologia não faz o futuro, este é produto da
inteligência.
A natureza fornece todos os recursos e conhecimentos que o
homem precisa. Ao homem ligado à ciência cabe descobri-los, àqueles ligados às
técnicas investi-los, e aos ligados aos processos utilizá-los. Dessa forma as
organizações constituem seu capital intelectual. Perecível, depreciável,
sujeito à obsolescência, tanto quanto seu ativo fixo.
Não acredita? Aprendi a usar régua de cálculo em projetos e
aplicar a tabela “a n cantoneira i” em operações financeiras. Já ouviu falar?
Pois é! Só restaram vagas lembranças, “não tenho a menor
idéia do que fazia com isso”!
Com tantos discursos sobre qualificação, é interessante
observar os dois lados da mesa em um processo seletivo.
O que busca uma empresa e o que oferece?
O que busca o candidato e o que oferece?
A empresa expressa suas necessidades no anúncio e o
candidato procura apresentar seus conhecimentos no “cv”.
O recrutador, de modo geral, na seletiva, procura
identificar habilidades para suprir as necessidades. Caso não encontre, o currículum
será deixado de lado. Ora, e todos os demais predicados?
Com frequência, naquele momento, não costumam ser avaliados.
Nas empresas temos um mar de necessidades, onde flutuam icebergs
de conhecimentos. Sabemos mais das habilidades dos colaboradores do que de suas
áreas de domínio.
Com todo iceberg, este também é divido em duas partes. A
parte visível, acima da linha d’água, será chamada conhecimentos declarados e
abaixo da linha d’água conhecimentos não declarados.
Ainda que os gestores não se dêem conta, muitos problemas nas
empresas são resolvidos abaixo da linha d’água e jamais o fato vem à tona.
Áreas onde a especialização é requisito fundamental costumam
registrar com maior frequência essa questão. Poderia mencionar processos
fabris, contabilidade, a ciência dos custos, testes laboratoriais, entre
outras, pois uma vez a questão encaminhada, a solução e as recomendações ficam
restritas àquele espaço.
Para o leigo, no processo de recrutamento e seleção, o
conhecimento necessário precisa estar muito bem detalhado na descrição da
função, caso contrário não será identificado.
Quantas vezes em uma entrevista alguém procurou saber um
pouco mais da sua experiência, além daquilo que o cargo foco estava pedindo?
No início da minha carreira, trabalhando na área de
planejamento e controle de produção de uma grande organização, por acidente, os
conhecimentos bastante sólidos que eu tinha de formação de custo padrão vieram
à tona. Isso me permitiu suprir as necessidades da organização e aprender a divulgar
as áreas e assuntos que dominava. Muitas portas se abriram e pude trabalhar em
praticamente todas as áreas das empresas onde passei.
Com isso aprendi como tratar os curriculuns e as entrevistas
de seleção, garimpando além dos conhecimentos expressos, em busca dos tácitos.
Conhecimento tácito é aquele que adquirimos
ao longo da vida, que contribui na formação da nossa experiência e é difícil de
ser formalizado. Subjetivo, é inerente às nossas habilidades. Fica, portanto, subentendido ou implícito.Do outro lado encontra-se o conhecimento expresso, que pode ser formalizado em textos, desenhos, diagramas, publicações, discursos e palestras.
Em um processo seletivo, onde um headhunter contou com minha
colaboração na condução, no fim do dia, ele um pouco espantado me disse: -
Fizemos oito entrevistas e você conseguiu fazer uma diferente da outra! Que
técnica você usa?
Não sei se isso é uma técnica, se for, diria que é observação
ampla.
Gestores usam filtros demais, com isso acabam não percebendo
áreas potenciais do candidato.
O grande problema na área do conhecimento é a mesmice. Para
obter algo que nunca teve, a pessoa precisa fazer algo que nunca fez.
Você usa a mesma roupa, lê sempre as mesmas coisas, faz o
mesmo caminho e quer fazer a diferença?
Como diz o velho ditado: “Fazer a mesma coisa esperando
resultados diferentes é sinal de loucura!”
Confundir habilidade com conhecimento impede a exploração do
capital intelectual da organização, essa é grande barreira na criação do seu futuro.
Gestores não se dão conta, mas quando copiam os
concorrentes, copiam suas habilidades e não seus conhecimentos.
Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
Articulista, Escritor, Palestrante
Postigo Consultoria Comunicação e Gestão
Fone (11) 9 9645 4652
Twitter: @ivanpostigo
Skype: ivan.postigo
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