Quando iniciei minha carreira me deparei com um jargão
estúpido, usado com frequência: “Você
não é pago para pensar, faça o que eu estou mandando!”
Para quem ouve soa extremamente desagradável, quem emite
esses ruídos acha estar produzindo uma pérola.
Essa afirmação dura o tempo do sucesso, no primeiro revés
ouve-se o lamento: ninguém me ajuda a pensar!
Você pode estar se perguntando o que me fez lembrar esse
tipo de comportamento.
Eu trabalho com organização, sistematização, equacionamento
de questões que conduzem empresas à melhores resultados, para isso dependo do
ato pensar.
Preciso de todas as informações que puder obter com meus
esforços, de todos os colaboradores da empresa, e de nossa disposição para reflexão. E como li certa vez: “de ruminar, até
chegarmos a uma solução factível que nos leve ao sucesso”.
Quando me deparo com situações em que há o impedimento desse
ato, fico assombrado.
Vi uma curta nota num jornal onde uma pessoa questionada
sobre sua atuação respondeu: “Não sou paga para pensar”. Refletia sobre isso, quando
me deparei com uma citação em um artigo sobre gestão empresarial que dizia que “devemos
parar de contratar pessoas do pescoço para baixo, caso queiramos ter equipes
capacitadas para tratar das complexas questões em que estão envolvidas as
nossas empresas”.
Uma vez que contratemos uma pessoa do pescoço para baixo não
vamos impedi-la de pensar, mas nada temos a contestar caso nos dê a resposta
que tanto me chamou a atenção.
O mundo empresarial é atacado, de tempos em tempos, por
ondas ou modelos de gestão, muitos dos quais são passageiros.
Mais do que uma forma de ganhar dinheiro, são ferramentas
que nos ajudam a refletir, e uma vez implementadas a gerar resultados.
Raciocinemos tendo como exemplo a mais corriqueira de todas:
a caixinha de sugestões.
Todos que trabalham ou trabalharam em uma empresa devem ter
se deparado com um programa de melhorias com a caixinha de sugestões.
No lançamento fazemos discursos, as coletas dos bilhetes são
diárias, entregamos brindes. Todos correm para colocar uma sugestão, qualquer
que seja. Chegamos até fazer ato ecumênico. Contudo, uma sugestão dada no
corredor, na mesa do refeitório, em um e-mail, nem sempre tem o mesmo valor
daquela colocada na caixinha. Mas, só no
período em que esta fizer parte da onda.
Estive em muitas empresas onde me pediram para escrever
procedimentos operacionais, como se estes fossem panacéias. Sempre tive o
cuidado de verificar se já não o haviam feito em um passado recente, na maioria
das vezes sim.
Encontrei manuais operacionais cuidadosamente elaborados,
esquecidos e negligentemente empilhados.
A sugestão de praticá-los nunca foi acatada, dado ao
descrédito atribuído. Não por falhas nestes, mas por duas razões básicas: incapacidade
de aprendizado e recusa na retenção das informações.
Quem estudar a história dessas empresas notará que há corpos
demais e cabeças de menos.
Todos nós queremos fazer parte de um projeto vencedor, gostamos
de opinar, ver nossas idéias sendo apreciadas, e claro, receber feedback, mesmo
que nossas sugestões sejam recusadas. Quando isso não acontece, nos excluímos.
Os gestores, tomadores de decisões, precisam estar atentos e
abertos para a dinâmica do processo participativo, caso contrário, quando os
tempos difíceis vierem, eles vêm, queiram ou não, estarão com suas empresas
acéfalas e terão sob sua responsabilidade um corpo a procura de uma cabeça.
Ivan Postigo
Economista, Bacharel em contabilidade, pós-graduado em
controladoria pela USP
Autor do livro: Por que não? Técnicas para estruturação de
carreira na área de vendas
Postigo Consultoria de Gestão Empresarial
Fones (11) 4496 9660 / (11) 99645 4652
Twitter: @ivanpostigo
Skype: ivan.postigo
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