Imitamos Deus em todo seu poder quando um filho geramos. Um
Deus que a presença queremos, o Deus que adoramos.
Um ato de amor ou de confusa relação, que nos torna pais. Das
promessas de amor eterno ao encontro fortuito.
No ventre está a semente. O anel do universo que liga para a
eternidade dois amantes ou dois errantes.
Filhos nascidos, às vezes amados, outras esquecidos. Cuidados
ou abandonados. Um, dois, três, tantos!
Para muitos não importa o que tanto conta. Para outros,
conta a conta!
Um momento vivido, apenas. Às vezes lembrados, mas não a vida
esquecida.
Pequenos e carentes nascemos, em seio de mãe nos protegemos.
Legítima ou adotada, colo que nos aquece, mãos que nos afagam.
Momentos em que não faltam amor e nem cuidados, aos filhos
perdidos, uma vez encontrados.
Menino nascido, homem ferido, ser negligenciado.
Em um planeta maltratado estão abandonados os filhos dos
filhos dos filhos de Deus.
Gerações e gerações que não cuidam da terra, tampouco da
vida.
Com a negligência com o semelhante vem o esquecimento.
Palavras caem em desuso.
Nas mídias, como recurso de venda, o amor é exaltado, na
vida, o carinho, a atenção, a cortesia, a ternura, banidos.
O e-mail substituiu o abraço e o aperto de mão. A rede social
o encontro festivo, o almoço com o colega, o café com o amigo.
O trabalho que construía, assumiu a sobrevivência.
Cercado por muros, os condomínios que protegem o homem dos semelhantes,
afasta-o dos parecidos. Protegido, sente-se isolado e esquecido.
E o banco da praça?
Quando lá está é mal usado ou destruído. Amigos se foram, a
amizade se perdeu. A saudade, palavra sem tradução como é o sentimento, é exaltada.
Na música, na poesia, nos olhos dos velhos que viram os jovens partirem!
A velha amoreira, que tantas vidas e crianças à sua volta
reunia, foi derrubada para construir mais um abrigo. Com conforto e luxo, mas
com corações vazios.
Sem frutos e galhos para descanso cessou o pio e canto das
aves. Não se ouve mais o melodioso e triste canto da patativa, que os quintais
visitava.
É o progresso que gera lembranças de um tempo sem regresso.
No lago, produto das mãos do homem, a vida não encontra
caminho e a piracema é só um fato, poucas vezes um ato.
A ecologia, ensinada às nossas crianças como verdade, carece
do encontro com a realidade. Pés descalços sobre o solo macio, a brisa que
sopra e carrega o cheiro das flores, a visão de uma abelha trabalhadeira, a
verde grama que permite o descanso, a lata jogada, que maltrata a vista!
Retirá-la não é muito, mas somadas, pequenas ações, não é
pouco. Em suas mãos está a consciência. Que retira ou arremessa.
A boa vontade e a responsabilidade tornam o feito, desfeito.
Se aos velhos não podemos ensinar, não percamos a
oportunidade de fazê-lo com os jovens. Vivem no presente, mas o futuro será sua
morada.
Eduque-se desde cedo, para que os vícios de casa a praça não
alcancem, diriam saudosos avós!
Do espaço, o planeta azul se mostrará cinza sem cuidados.
Restará o azul nas fotos, nos filmes, e nas lembranças dos
que viram e viveram.
Ainda que cinza, quem assim irá vê-lo?
Quem sabe muitos... talvez poucos.
Com um nó na garganta, saudoso, vendo-o, como casas
abandonadas nas velhas cidades, diz o pai: - Foi azul e ali vivíamos.
Pergunta o pequeno filho de Deus: - Por que mudamos, se a
saudade incomoda?
Com olhar triste e voz embargada responderá: - Não cuidamos.
Ficou velho e está sujo.
No espaço, sem gravidade, paira uma gota.
Divina...
Uma lágrima de Deus!
Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
Postigo Consultoria Comunicação e Gestão
Fones (11) 4496 9660 / (11) 99645 4652
Twitter: @ivanpostigo
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